Marcas que falam demais e dizem de menos
Ele a observava de longe, sem entender por que o jeito dela o desarmava.
Não era o que ela dizia, era o que ela calava.
Enquanto ele buscava palavras para impressionar,
ela olhava como quem já tinha entendido tudo antes mesmo de ouvir.
Ele enchia o ar de sons, certezas, argumentos.
Falava como quem tenta se proteger do próprio vazio.
E quanto mais explicava, mais distante ficava daquilo que queria dizer.
Ela, por outro lado, falava com pausas.
Deixava o silêncio ajeitar o sentido das coisas.
Parecia ter aprendido que há palavras que iluminam
e outras que só fazem barulho.
Ele nunca soube quando começou a ouvir diferente.
Talvez no instante em que percebeu que ela dizia com os olhos o que ele tentava esconder com a voz.
Que presença não é o que se mostra, é o que permanece.
E naquele dia, sem perceber,
ele parou de falar.
E começou, enfim, a dizer.
Algumas marcas falam para serem vistas,
publicam, insistem, repetem.
Acham que presença é constância.
Mas as que realmente permanecem são as que aprendem com o silêncio,
as que entendem que comunidade não se constrói com palavras,
mas com o que se sustenta entre uma e outra.
Entre uma frase e outra, existe um espaço.
É nesse espaço que nascem os vínculos, as pausas, a escuta.
E é nesse espaço que se constrói uma comunidade de verdade.
Descubra como.
Porque quem diz menos, escuta mais.
E quem escuta mais, cria laços que nem o tempo desfaz.
No fim, comunicar é isso:
deixar algo vivo no outro,
mesmo depois do silêncio.
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